Acadêmica de Letras apresenta análise crítica dos livros didáticos da rede pública no Integra UFMS
A pesquisa “Uma análise discursivo desconstrutivista do discurso político educacional em livros didáticos para o ensino de língua materna”, realizada pela acadêmica Maressa Garcia, do curso de Letras do campus de Três Lagoas (CPTL), será apresentado no Integra UFMS 2019.
Realizada desde 2018 e vinculada pelo Programa de Iniciação Cientifica Voluntária, a pesquisa é orientada pela professora Silvelena Cosmo Dias, que fora orientanda da referência em análise de discurso no Brasil, a professora Maria José Rodrigues Faria Coracini.
Inicialmente, a proposta surgiu devido a afinidade da acadêmica com o estudo da linguística e principalmente a análise do discurso. Essa temática se desmembra em correntes e para sua pesquisa, Maressa optou pela francesa, caracterizada pela visão crítica e o ato de problematizar o texto, sem concluir ou constatar fatos.
Para essa atividade foi escolhido o livro didático de Língua Portuguesa disponibilizado pela rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul para os anos de 2018, 2019 e 2020. O objetivo é analisar e problematizar recortes referentes à violência contra a mulher, com o intuito de questionar o discurso político-pedagógico do livro.
“O intuito do Estado e da escola não é formar o aluno cidadão para não cometer violência contra a mulher, não roubar, não matar e não discriminar ninguém por causa de gênero e de raça? Então, esse é o papel da escola e do ensino, contudo o livro didático é contraditório” explica Maressa. Logo, os trechos selecionados questionam sobre a função do material disponível, que em tese deveriam conscientizar, mas, na prática, reafirmam o discurso contra a mulher, enraizado há anos na sociedade.
A pesquisa observa a linguagem, as intenções e pormenores muitas vezes não debatidos, mas inseridos em exercícios e textos lidos em sala de aula. A linha tênue entre o que se deve transmitir e o que realmente é perpetuado nas entrelinhas se tornou objeto de estudo da acadêmica.
Foram feitas pesquisas bibliográficas sobre o tema e a corrente utilizada, passando pela fase de leitura e fichamento dos documentos sobre o assunto. Posteriormente, foi realizada a fase de “coleta de corpus”, em que a acadêmica se locomoveu a escola, selecionou o livro didático e recortou trechos discursivos voltados para a temática da pesquisa. Por o fim, estão sendo realizadas análises em que ocorre a combinação entre preparação teórica e a prática.
“Eu faço essa problematização para a gente refletir, enquanto docente, professor, acadêmico e enquanto cidadão, qual é o papel da escola e qual é o papel do livro didático na sociedade. Então, será que é o papel do livro didático criar essa conscientização de uma forma mais efetiva contra o discurso da violência doméstica?”, questiona Maressa.
Texto: Evelyn da Costa Souza (estagiária do CPTL) e Gabriele Cássia (Monitora Integra UFMS).