Acadêmica de Letras apresenta análise crítica dos livros didáticos da rede pública no Integra UFMS

Postado por: Gabriele Silva

A pesquisa “Uma análise discursivo desconstrutivista do discurso político educacional em livros didáticos para o ensino de língua materna”, realizada pela acadêmica Maressa Garcia, do curso de Letras do campus de Três Lagoas (CPTL), será apresentado no Integra UFMS 2019.

Maressa Garcia, acadêmica do curso de Letras do campus de Três Lagoas.

Realizada desde 2018 e vinculada pelo Programa de Iniciação Cientifica Voluntária, a pesquisa é orientada pela professora Silvelena Cosmo Dias, que fora orientanda da referência em análise de discurso no Brasil, a professora Maria José Rodrigues Faria Coracini.

Inicialmente, a proposta surgiu devido a afinidade da acadêmica com o estudo da linguística e principalmente a análise do discurso. Essa temática se desmembra em correntes e para sua pesquisa, Maressa optou pela francesa, caracterizada pela visão crítica e o ato de problematizar o texto, sem concluir ou constatar fatos.

Para essa atividade foi escolhido o livro didático de Língua Portuguesa disponibilizado pela rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul para os anos de 2018, 2019 e 2020. O objetivo é analisar e problematizar recortes referentes à violência contra a mulher, com o intuito de questionar o discurso político-pedagógico do livro.

“O intuito do Estado e da escola não é formar o aluno cidadão para não cometer violência contra a mulher, não roubar, não matar e não discriminar ninguém por causa de gênero e de raça? Então, esse é o papel da escola e do ensino, contudo o livro didático é contraditório” explica Maressa. Logo, os trechos selecionados questionam sobre a função do material disponível, que em tese deveriam conscientizar, mas, na prática, reafirmam o discurso contra a mulher, enraizado há anos na sociedade.

A pesquisa observa a linguagem, as intenções e pormenores muitas vezes não debatidos, mas inseridos em exercícios e textos lidos em sala de aula. A linha tênue entre o que se deve transmitir e o que realmente é perpetuado nas entrelinhas se tornou objeto de estudo da acadêmica.

Foram feitas pesquisas bibliográficas sobre o tema e a corrente utilizada, passando pela fase de leitura e fichamento dos documentos sobre o assunto. Posteriormente, foi realizada a fase de “coleta de corpus”, em que a acadêmica se locomoveu a escola, selecionou o livro didático e recortou trechos discursivos voltados para a temática da pesquisa. Por o fim, estão sendo realizadas análises em que ocorre a combinação entre preparação teórica e a prática.

“Eu faço essa problematização para a gente refletir, enquanto docente, professor, acadêmico e enquanto cidadão, qual é o papel da escola e qual é o papel do livro didático na sociedade. Então, será que é o papel do livro didático criar essa conscientização de uma forma mais efetiva contra o discurso da violência doméstica?”, questiona Maressa.

Texto: Evelyn da Costa Souza (estagiária do CPTL) e Gabriele Cássia (Monitora Integra UFMS).