Transição agroecológica do assentamento 20 de Março é tema de projeto feito em Três Lagoas
“Transição agroecológica no PA 20 de março: um caminho para a sustentabilidade” é o título do projeto desenvolvido pela estudante Jhiovanna Eduarda Braghin desde agosto de 2018, vinculado ao Programa de Iniciação Cientifica (PIBIC) e orientado pela professora Rosemeire de Almeida. Os resultados obtidos até o momento serão apresentados no Integra UFMS.
A pesquisa nasceu devido a afinidade de Jhiovanna pela Geografia Agrária e o desenvolvimento de projetos de sua orientadora, voltados para o assentamento 20 de março – desde a feira que ocorre semanalmente no Campus II, com os produtos produzidos pelos assentados, até visitas ao local e organização de encontros e minicursos à comunidade.
A produção de verduras e legumes vendidos na feira interessou a autora, pois os moradores do 20 de março optaram pelo caminho da transição agroecológica. O grupo da horta estudado é composto por vinte famílias e a sede do grupo é localizada na associação do assentamento. Com uma plantação diversificada e sem uso de agrotóxicos e adubos químicos, substituindo por caldas defensivas e biofertilizantes, os pequenos agricultores camponeses alimentam suas famílias e vendem os excedentes para a população de Três Lagoas de forma saudável e sustentável.
O projeto começou com pesquisas bibliográficas sobre o assunto e colóquios com o grupo de pesquisa, relata a acadêmica. Foram feitas visitas ao assentamento para observar os desafios no cotidiano das famílias agricultoras que produzem primariamente para autoconsumo e comercializam o excedente. Além disso, foram feitas entrevistas com os assentados, nas quais se constatou o sentimento de solidariedade e companheirismo a fim de vencer os desafios.
“O Estado assenta e abandona, eles ficaram sete anos sem energia elétrica e sem crédito, o que impossibilita a produção. Eles receberam, depois de anos abandonados, a doação de duas mil mudas para o assentamento e então começou com as hortas o processo de transição do modelo convencional para o agroecológico”, relata Jhiovanna.
Após isso, a Universidade estreitou laços com os agricultores por meio da professora Rosemeire Almeida, com projetos de extensão como o “Sacola agroecológica”, em que estudantes, técnicos e docentes se envolveram comprando produtos da horta agroecológica dos agricultores familiares, amenizando o problema da falta de apoio para a comercialização no campo.
A pesquisa, que está em fase de conclusão, constatou que de fato a transição agroecológica aproxima os produtores da sustentabilidade, uma vez que aumenta a autonomia, refletindo em melhoria econômica e reconhecimento social. Consequentemente, a qualidade dos alimentos fica caracterizada pela diversidade e respeito ao meio ambiente, com afastamento dos agrotóxicos e rotação de culturas, a fim de impedir o esgotamento dos recursos naturais do solo.
Assim, ao fim de sua pesquisa Jhiovanna espera apresentar seus resultados no evento e participar de minicursos voltados para sua área, visando interagir com outros pesquisadores, bem como contribuir com os resultados de sua pesquisa para o avanço da agroecologia no Mato Grosso do Sul e no Brasil.
Texto: Evelyn da Costa Souza (estagiária do CPTL) e Gabriele Cássia ( Monitora Integra UFMS).